Ana Lu Pt. 1
Essa não é apenas mais uma história de amor. É a minha história.
Sair da cama passou a ser uma das tarefas mais difíceis para mim. Levantar sabendo que eu teria a obrigação de parecer feliz para todas as pessoas que cruzassem o meu caminho, apenas por orgulho de não transparecer fraqueza. Era o primeiro passo para me tornar tudo o que eu sempre evitei: um robô, ligado no automático.
Com o passar dos dias minha rotina se tornou maçante e os dias torturantes. Acordar com mil pensamentos rondando minha cabeça, arrastar-me até o banheiro e olhar-me por um tempo incontável no espelho. Às vezes tinha olheiras, outras não. Claro, elas sumiam quando eu tomava alguma droga legalizada para dormir. Às vezes passava maquiagem, outras sequer arrumava os cabelos. Minhas roupas pareciam sempre as mesmas.
Sair de casa sem me preocupar se lembrei de trancar a porta, pegar o elevador e torcer para que ele me levasse para qualquer lugar melhor. Pegar o metrô cheio por medo de esperar o próximo, pois ficar parada e sozinha me fazia pensar demais. Trabalhar com desgosto, sentindo-me presa e claustrofóbica. Voltar para casa aliviada, mas ao mesmo tempo apavorada por ficar sozinha de novo. Nunca me preocupara em estar sozinha antes.
Todas as coisas pesadas do mundo estavam guardadas apenas no fundo da minha alma, pois por fora eu era a pessoa mais feliz do mundo. Acima de tudo, como meus amigos sempre me conheceram, eu parecia livre de tudo.
Passei a preencher o vazio dentro de mim com festas. Antes me divertia para ter prazer, agora para aliviar um pouco a dor. Beijei meninas e meninos, bebi tudo o que me ofereceram, fumei cigarro, consumi drogas, fiquei louca, pulei e dancei, gritei, conheci pessoas novas, acordei em camas desconhecidas e corri de volta para casa, onde a alegria me abandonava de novo e eu voltava a ser não quem eu era, mas quem eu estava sendo.
Algumas vezes eu sumi do mapa. Meus amigos ficaram loucos atrás de mim, pois a vida noturna sempre correu em meu sangue. Onde está a Luiza? A Luiza não veio hoje, cadê ela? Queriam a minha presença quando tudo o que eu queria era a presença de uma só pessoa. Tornamo-nos quase que um casal queridinho pelos amigos em comum, éramos felizes, éramos a felicidade dos outros. Gostavam de nos ver juntas, nosso apelido era Ana Lu. Foi tudo muito rápido, como um meteoro arrasador. Inesperado, surpreendente e forte o suficiente para mudar a minha vida. Para sempre? Por um instante? Até eu conhecer outra pessoa? Não sei, de verdade. Pergunto-me todas as manhãs ao abrir os olhos, especialmente quando finjo que tudo não passa de uma brincadeira.
Sempre me senti bem sozinha, até conhecer a Mariana. Fui muito feliz ao seu lado, até perdê-la. Sua ausência simplesmente me destroçou.
Irmãs Pt. 2
Eu estava em casa quando tudo começou. Tinha recém chegado do trabalho, exausto depois de mais um dia de muito estresse. Nunca troquei uma boa diversão para ficar em casa, mas naquela noite específica tudo o que eu queria era sentar a bunda no sofá e não fazer nada. Antes que eu pudesse começar o descanso, o celular tocou. Deodoro, um amigo de longa data. Não precisei atender para lembrar do que era: ele estava dando uma festa. Minha cabeça estava tão cansada que acabei esquecendo completamente.
Ele não precisou insistir muito para me convencer, essa é a verdade. A frase que mais fixou em mim foi “aqui tem amigos, bebida, música boa e mulher”. Digo a vocês com toda a certeza do mundo: as festas do Deodoro pareciam um filme pornô dos anos 80. Gente de todos os estilos, corpos perfeitos e imperfeitos, pessoas lindas e feias, e todas com um único propósito: divertir-se sem culpa, remorso, tabus ou julgamento. Deodoro era um homem de cabeça livre e só permitia convidados com o mesmo espírito de liberdade que ele. Era homem beijando homem, mulher beijando mulher, um boquete ali para todo mundo ver, uma trepada lá com mais plateia, ou até uma trepada sem plateia, já que uma conversa sobre promoção de melancia no mercado era mais novidade do que duas pessoas fodendo em púlico. Já viram o preço da melancia? Um absurdo.
Me arrumei e fui, afinal, suas festas eram anuais. Em outras palavras, realmente não dava para perder. Deodoro era rico, é tudo o que vocês precisam saber. Isso permitia a ele dar uma festa absurdamente grande sem cobrar nada de ninguém. Muitas vezes cogitei a ideia dele secretamente espalhar câmeras pela mansão toda e gravar as festas. Depois ele venderia para algum site pornográfico, e era daí que vinha boa parte da grana. Ele bem que poderia ser um agente da indústria pornográfica, por que não? Eu acharia ótimo.
Cheguei um pouco tarde, então as pessoas não estavam mais tão comportadas. Muvuca, sexo, pegação, drogas. Foi um apanhado do que pude perceber em alguns minutos lá dentro. Tinha tanta gente que demorei a encontrar um conhecido. Mariano, um gordo louco pra caralho, mas gente boa. Trocamos uma ideia, ele me ofereceu um baseado, eu aceitei, ele deu um tapa na bunda de uma garota que passou de vestidinho curto, passou a mão na bunda de um cara que passou de sunga, jogou cerveja em um amigo já doido de trago e me disse dezenas de vezes que eu tinha a obrigação de comer uma bunda naquela noite. De fato, comi duas, fora a pegação. Mas o que mais me marcou na festa toda foi quando já meio bêbado entrei na casa em busca de um banheiro. Talvez por educação, uma vez que a maioria das pessoas, inclusive mulheres, mijava na grama. E o mais incrível de tudo é que ninguém mijava na piscina, tamanho era o respetio por Deodoro. E claro, também porque tinha um funcionário contratato especialmente para cuidar disso.
Entrara poucas vezes na casa, não conhecia muito bem. Caminhei de um lado para o outro, esbarrei em pessoas, móveis, passei por espaços apertados, desviei de corpos seminus, dei um pega em um baseado que me ofereceram, tropecei no tapete, senti que passaram a mão na minha bunda, ri de um sujeito todo vomitado fumando cigarro como se nada estivesse acontecendo, até finalmente encontrar a porra do banheiro. Em que mundo perfeito, em uma casa infestada de gente, ele estaria vago?
Só fechei a porta, sem trancar. Quando comecei a mijar e fechei os olhos para curtir o alívio, a porta abriu de novo com tanta violência que bateu na parede e voltou. Chapado e bêbado como eu estava, foi complicado compreender rapidamente o que acontecia. Era uma garota que precisava muito, muito, muito mijar, conforme suas palavras. “Lá na grama”, eu disse com o pau na mão e mijando. “Não dá tempo”, ela respondeu apertando uma perna na outra e já abrindo o zíper da calça. Quando vi a garota estava me empurrando para o lado sem nem se importar com o que eu estava fazendo. “Mija na banheira”, ela me disse ao sentar na privada. Mijei mais da metade no chão até me virar para acertar na banheira. Além da música alta vinda lá de fora, ouvi seus gemidos de alívio.
Quando terminei, virei-me de volta e lá estava ela, atirada na privada como se tivesse recém se injetado heroína. Eu não estava em uma igreja, então aproveitei para observá-la. Menor do que eu, pele branquinha, morena, seios grandes para o corpo pequeno, coxas bonitas, nem tão finas nem tão grossas, e ao me inclinar um pouco, pude notar belos pelos pubianos. Se já não tivesse trepado, sem dúvida ficaria excitado. Quando ainda estava inclinado e tentando ver sua buceta, ela abriu os olhos e me viu. Em um outro cenário qualquer, aquilo seria um abuso indefensável, digno de prisão por assédio. E eu concordaria planamente. Mas não, era a festa do Deodoro, onde era possível padres comerem freiras.
A garota não ficou surpresa, longe disso. Com um meio sorriso no rosto, abriu um pouco mais as pernas para que eu pudesse ver melhor. Apesar do cenário dispensar formalidades, fiquei assustado ao notar que ela estava me olhando e caminhei para trás, até ficar apoiado na pia. Não trocamos uma palavra sequer. Dois completos desconhecidos sozinhos no banheiro. Com movimentos lentos, ela baixo um pouco mais as calças e passou uma das mãos por sobre a buceta. Eu estava chapado demais para me excitar, mas não perdi a oportunidade de observar, maravilhado.
A garota foi subindo uma das mãos pelo corpo até chegar nos peitos. Apertou com firmeza um deles, depois abriu o zíper do casaco que vestia, baixou o sutiã e botou os peitos para fora. Eram lindos, bem redondinhos, mamilos rosinhas e levemente bicudos. Desejei muito tê-los em uma cama enquanto eu estivesse sóbrio. Confesso que não entendi o seu real objetivo, se era um convite para mim ou se ela queria apenas se masturbar para um desconhecido, pois em nenhum momento me chamou ou indicou que fosse tocar em mim.
Perdi a noção do tempo. Quanto ficamos lá, cinco minutos? Dez minutos? Uma hora? Sei que estávamos em transe. Eu de voyeur, ela dividia entre se mostrar e contemplar os próprios prazeres. Como a perfeição estava somente em encontrar um banheiro vazio em uma festa regada a putaria, fomos interrompidos. Uma outra garota que só tive tempo de ver que era loira e parecia bonita, meteu a cara na porta e acabou com a nossa estranha hipnose. “Finalmente te encontrei, porra! Vamos embora, seu namorado não para de me ligar. Vamos antes que eu atenda e diga que não estamos em uma convenção religiosa”.
Tipo, tudo normal. Nada demais em encontrar a amiga, que pelo visto tinha namorado, seminua no banheiro e se tocando para um completo desconhecido. Inclusive, aquela segunda garota sequer me dirigiu uma palavra, como se eu não estivesse lá. Como eu amava as festas do Deodoro.
“Que merda, não posso nem me divertir em paz”, baluciou a garota misteriosa que se tocava para mim. Pelo atropelo nas palavras, estava bêbada ou chapada. Ou as duas coisas, como eu. Com dificuldade e um pouco atrapalhada, ela subiu as calças, cambaleou um pouco ao se levantar e caminhou em direção à porta. Sua amiga a pegou pelo braço e apertou o passo. Foram embora e eu fiquei lá, sozinho, olhando para uma privada vazia e com água amarelada. “Pergunte o nome dela”, uma voz cochichou no fundo da minha mente, onde ainda restava um resquício de sobriedade. Saí do banheiro. Demorei tanto a tomar uma atitude e tinha tanta gente em volta que não encontrei as duas. E sua amiga devia tê-la pego pelo braço e saído voando de lá.
Enquanto eu catava em meio ao aglomerado de gente, um amigo me abordou perguntando o que eu estava fazendo. Foi nesse momento que surgiu a última chance de saber quem era a misteriosa garota. Avistei-a do outro lado da sala, saindo pela porta de vidro em direção ao pátio. Foram poucos segundos em que tive tempo de apontar e perguntar se ele sabia quem era.
– A loira? – Questionou-me. – Clara, gostosa demais.
– Não – reclamei, impaciente. – A morena.
– Ah – notei descaso em sua voz, pois visivelmente sua preferência era a tal da Clara. – Conheço de vista só, nunca nos falamos.
– Qual o nome dela?
– Marília.
Irmãs Pt. 1
– Me bate e me fode com vontade, não sou a sua namorada.
Foi o que ela me disse quando baixei as calças. Mas isso já é a parte boa. Vocês não fazem ideia de tudo o que aconteceu antes disso.
Aceito a ideia de que os opostos se atraem, principalmente em relacionamentos. Duas pessoas exatamente iguais, por mais que isso contribua para uma boa parceria, sei lá, tem cheiro de monotonia no futuro. Uma hora vai cansar, é como namorar consigo mesmo. Casais podem e devem compartilhar interesses iguais, mas é a diferença que atrai.
Feito o prelúdio, tudo começou há alguns meses. Sou confessadamente tarado. Penso em sexo quase o tempo todo. Se começo a fantasiar e imaginar demais já fico excitado. Quando não transo, bato punheta, nem que seja só para aliviar a tensão. Gozar é mais do que sentir prazer, é terapêutico. Já bati punheta com sono só para descarregar e dormir bem.
É por isso que os piores dias do mês, nos últimos três anos, são sempre os que a minha namorada está de TPM. Ela perde totalmente o apetite sexual, a ponto de não ter interesse nem em dar beijos e até fica fisicamente distante. Pouco nos tocamos durante esse período. Claro, ela não tem uma repulsa obsessiva, do tipo se eu chegar perto ela vai simplesmente me dar um soco e dizer que está com nojo de mim. Não, é somente um desinteresse, e ela sempre é taxativa ao dizer não, mesmo que eu insista e peça nem que seja um boquete para me satisfazer. Daí, junta isso com toda uma mudança drástica de humor e o já natural gênio forte dela. É pesada a coisa.
Foi numa dessas fases de TPM. Eu estava passando um tempo em sua casa, já que seus pais estavam fazendo uma pequena excursão pelo país e ficariam duas semanas fora. Sua irmã também viajara no começo da semana e voltaria somente no domingo. Meu expediente no trabalho era até às 20h, e Jéssica, minha namorada, tinha aula na faculdade até às 23h nas sextas-feiras. Eu matava o tempo na casa dela para mais tarde ir buscá-la.
Bem, é aquela coisa. Quase uma semana sem transar, a seca torturando e eu me sustentando à base de punheta. Cheguei na casa dela tranquilo, fiz alguma coisa para comer e me sentei no sofá da sala para assistir televisão. Óbvio que dali um tempo comecei a pensar em sexo. E óbvio que eu fiquei muito excitado. Começou quando apareceu a garota do tempo no telejornal, estava usando um vestido justo até os joelhos. Isso me bastou. Coloquei a mão dentro das calças ali mesmo e comecei a me tocar de leve. Não deu meio minuto meu pau já estava duro feito pedra.
Gosto de imaginar enquanto toco uma, mas prefiro uma coisa mais visual. Quando já estava louco, corri para o quarto da Jéssica para usar o seu computador. Normalmente eu acessava sites aleatórios de putaria para primeiro me excitar e depois usava coisas mais específicas, como fotos e vídeos que eu tinha de amigas ou conhecidas. Pulei tudo isso por já estar a ponto de bala. Por mais que gostasse de ver outras mulheres e de imaginá-las dando para mim, na punheta eu era meio que um tarado fiel. Sempre acabava me masturbando com fotos e vídeos que tinha da Jéssica, porque, falando sério, minha namorada é muito bonita e gostosa. Uma loira de academia. Nada musculosa, mas toda durinha, peitos firmes de silicone na medida certa, olhos verdes e expressões faciais finas.
Estava um calor dos infernos. Liguei o ar condicionado, tirei toda a roupa, acessei meu drive e comecei a tocar uma. Rodei diversas fotos e vídeos até parar num que gravamos da primeira vez que fizemos anal. Era sensacional poder ver na tela aquele rabo grande de quatro para mim, ainda mais com marquinha suave de biquíni. Mas o que mais me excitava era ouvi-la pedindo para ir com cuidado, ou que eu parasse de empurrar porque estava doendo. Esse quê de profanação me deixava louco pra caralho. Podia relembrar a sensação que o seu cu apertadinho me proporcionou naquele dia, principalmente quando consegui enfiar meu pau por inteiro e lá fiquei, sem mexer, até que ela se acostumasse com a dor.
Foder a Jéssica ou assistir aos vídeos dela é uma missão complicada. Eu dificilmente aguento muito. Mas não chega a ser ejaculação precoce. Não deu muito tempo até eu sentir que ia gozar. Não estava usando camisinha e nem queria correr até o banheiro com o pau duro na mão. Segurar a ejaculação até chegar lá me cortaria muito prazer. Resolvi gozar ali mesmo. Fiquei de pé, em frente ao computador, batendo rápido até me acabar. Afastei-me um pouco para não acertar o móvel. O chão era o limite.
Meu gozo era forte. O jato parecia um tiro, saía rápido e longe. Eu adorava, sentia que era uma qualidade que eu tinha. Essa história toda que eu quero contar começou quando meu pau estava cuspindo o terceiro jato de porra. Minha concentração era tanta no monitor que eu não tive percepção de nada ao meu redor, o que dirá com o que acontecia fora do quarto. Eis que a porta abre num solavanco, tão rápida e violenta quanto meu gozo.
Meu cérebro já estava anestesiado pelo prazer. Não tive uma reação de defesa, do tipo esconder o pau, ou me esconder por inteiro atrás da cadeira, ou ainda correr para colocar a roupa, claro sem antes desligar o monitor. O primeiro pensamento débil que me veio à cabeça foi imaginar que era a Jéssica chegando mais cedo em casa. Não era.
Era Marília, sua irmã mais nova. Quando paro para lembrar, tenho certeza de que ela conseguiu visualizar com perfeição o terceiro jato de porra saindo do meu pau, pois a porta ficava logo ao meu lado. Eu não estava longe, escondido num canto, ou de costas. Eu estava de perfil, a porta ao meu lado esquerdo e eu era destro. Não tinha nada que a impedisse de ver com nitidez o meu pau se acabando em gozo.
Naquela fração de segundo em que virei o rosto e percebi quem era, corri para detrás da cadeira. A reação dela foi uma mescla de risada, de quem achava engraçado, com um tom de surpresa, afinal, tinha um cara batendo punheta no quarto de sua irmã. Ser cunhado não diminuía em nada o fato.
Ela fechou a porta, envergonhada pelo que viu? Ou colocou as mãos no rosto? Ou saiu correndo? Não, ela ficou olhando e nitidamente se divertindo com um sorriso largo no rosto. Apoiou-se na quina da porta e começou a rir, chegando a arquear o corpo para baixo. Eu fiquei com cara de taxo, apavorado, coração acelerado e o pau duro espremido na cadeira. Depois de muito rir, ela me perguntou o que eu estava fazendo. Mas é óbvio que foi uma pergunta simplesmente pra saber o que eu tinha a dizer sobre aquela cena toda.
– Não era para você estar viajando? - Perguntei, ainda aflito.
– Antecipei – respondeu-me com tranquilidade e bom humor. - Vim pegar um vestido da Jéssica, e daí me deparo com isso – voltou a rir.
E pior é que me esqueci de desligar o monitor. O vídeo estava rodando, e em meio ao nosso curto diálogo, pudemos ouvir um gemido da Jéssica. Não tinha como ficar mais constrangedor. Para a minha surpresa, ela não se encabulou e entrou no quarto. Caminhou em direção ao computador para assistir ao vídeo. “É a Jéssica?”, perguntou no mesmo tom de quem perguntava se ia chover. Respondi que sim e tratei de desligar a imagem. Mas o áudio dela gemendo continuou ressoando nas caixas de som, e essa trapalhada toda arrancou mais risadas de Marília. Tratei de desligar as caixas logo em seguida, tudo sem arredar o pé detrás da cadeira. Minhas roupas estavam atiradas na cama, longe.
– Você sabe que a sua irmã odeia que pegue as coisas dela. Não era nem para você entrar nesse quarto.
As duas não tinham uma relação muito boa. Havia dias de paz, mas a maior parte do tempo era de intrigas e brigas casuais, às vezes chegando a conflitos mais sérios. As duas travavam uma grande disputa de egos. Acredito que o tratamento familiar justificava parte da relação entre elas. Jéssica era a mais velha, um pouco mimada, orgulho da família nos estudos e no futuro profissional. Marília sempre tivera as mesmas oportunidades, mas tinha um gênio mais rebelde com os pais, o que com o tempo a tornou uma espécie de ovelha desgarrada que merecia fiscalização em tempo integral para não fazer merda. Só que ela não fazia merda, era apenas uma menina que não aceitava que lhe dissessem o que fazer. E acreditem, seus pais eram do tipo que planejavam toda a vida do filho e exigiam que os mesmos seguissem à risca.
Marília não aceitava isso, Jéssica sim. Jéssica era o doce da família, Marília não. Ambas com gênio forte, Jéssica metida a boa filha e Marília metida a intransigente, dava a combinação perfeita para viverem em pé de guerra.
– Ela não precisa saber que estive aqui e peguei um dos milhares de vestidos que ela tem – disse ao caminhar em direção ao armário, indiferente aos meus alertas. – A não ser que se você me dedure – olhei para trás com um sorriso malicioso no rosto.
– Já disse que não me meto na relação de vocês duas.
– Bem que você faz.
Ela pegou o vestido e fechou o armário. Agradeci por ser tão rápida quanto entrara no quarto. Ao invés de pegar a direção da saída, veio até mim. Apoiou um dos joelhos na cadeira e descansou as mãos nos braços da mesma. Encarou-me por uns segundos com um olhar misterioso. Eu, apesar de ser vivido, maduro e confiante, estava incerto do que fazer.
– Me diz… – insinuou.
– O quê? – E eu seguia pelado e escondido, com o pau ainda duro.
– A Jéssica é tão boa de cama assim a ponto de você bater uma pensando nela?
Não respondi por não saber exatamente o que falar, afinal, eu estava pelado na frente da minha cunhada de 19 anos. E também não falei nada por saber que tudo partia do seu sentimento de disputa com a irmã mais velha. Apenas abri um sorriso de canto de boca para sinalizar que eu não pretendia ir muito longe com aquela conversa. Mas ela sim.
– Depois de três anos de namoro, você não prefere bater uma com coisas novas?
– Estou bem – tentei desconversar.
– Uma coisa mais nova – aproximou-se mais de mim, - tipo eu?
Cheguei a tossir. Numa nova tentativa de fugir, recuei uns passos e puxei a cadeira junto, fazendo com ela voltasse a ficar de pé.
– Não é nada engraçada essa brincadeira – tentei parecer sério, mas soou apenas atrapalhado. Ela riu.
– Mas quem disse que é brincadeira?
– Marília, por favor. Precisos me vestir.
– Duvida?
– Isso não existe.
– Vai me dizer que nunca bateu uma imaginando a sua cunhadinha?
Fiquei mudo por uns segundos para tentar enganar o mundo todo, porque sim, eu já havia imaginado centenas de vezes. Vendo que estava totalmente no comando, ela seguiu.
– Para que ficar imaginando se você pode ver como é de verdade? – Seu sorriso era venenoso e agressivo, porém delicado e inocente.
– Tá bom – ri, mas não deixei de imaginar, e isso manteve meu pau duro.
– Duvida? – Voltou a se aproximar da cadeira. – Vamos, diz que duvida.
Ela não ia sossegar de graça, ainda mais por estar se divertindo. Comecei a pensar até onde ia a sua coragem, a ponto de imaginá-la tirando a roupa ali mesmo. Loucura, jamais aconteceria. Mas me pareceu excitante. Dei a ela o que ela queria.
– Duvido.
Ela abriu outro dos seus sorrisos maliciosos e levou a mão à parte detrás da calça. Por um segundo imaginei que fosse baixa-la, mas era somente para pegar o celular.
– Tenho algumas fotos minhas aqui. São bem bonitas, modéstia à parte. Vou te mandar, daí você escolhe qual a melhor para bater uma.
– Claro – ri do seu blefe.
– Duvida? – Observei seus dedos mexendo pela tela do celular. Em seguida, voltou a guarda-lo no bolso. – Enviei.
– Deve ter enviado fotos do negão da piroca – tentei brincar para disfarçar o tom de esperança sexual nos meus olhos.
– Olha o seu celular depois, então. Vou ficar de olho para ver se você visualizou a mensagem. E não esquece de me dizer se gostou do que viu – disse-me ao piscar o olho.
Por fim, afastou-se da cadeira e caminhou em direção à porta. Antes de fechar a porta, voltou-se para trás uma vez mais, abriu outro sorriso maliciosos e disse-me:
– Bonito pau. Adorei o tamanho e a quantidade de porra que sai dele. Vou imaginar mil coisas, mas se você for um bom cunhadinho, não vai me deixar imaginando pra sempre. Vou esperar que retribua as fotinhos que te mandei.
Piscou uma última vez e fechou a porta. Uma infinidade de coisas invadiu minha cabeça, mas a que mais bateu forte foi a inquietante vontade de conferir o celular. Corri para a cama, peguei minhas calças e tirei o aparelho do bolso. Na lista de conversas do Whatsapp, lá estava o nome dela com um número indicando 5 mensagens não lidas. Se eu abrisse, ela saberia que eu visualizara, pois não tinha a função desabilitada no celular. A dúvida pairou sobre mim. De um lado, o fetiche e o tesão pela irmã mais nova da minha namorada. De outro lado, o fato de que era a irmã mais nova da minha namorada, até pouco tempo atrás uma menor de idade.
Entre ver ou não as fotos, uma coisa vocês precisam saber. Marília não me mandara as fotos do nada, como em um filme pornô onde tudo é fácil e a putaria acontece em qualquer lugar. Tínhamos uma história que era segredo de estado, somente nós sabíamos. E essa história era de antes mesmo de eu namorar com a Jéssica. Eu conhecia Marília muito antes disso e ninguém da família sabia. Imagina se iriam saber de como nos conhecemos e o que acontecera na época.
Interessados em saber mais?